O relógio indicava 5 horas da manhã, mas na verdade eram 17 horas. Valentino Júlio conhecia pessoas nos 17 bairros e moradias do Entroncamento. No entanto, algo parecia não resultar e as dúvidas começavam a adensar-se e a sobrepor-se a todas as suas forças. Tudo começara com a vinda do "Sarmento"...
Numa manhã primaveril de outono, Valentino já tinha decidido o que seria o seu pequeno-almoço: um congelado de frango com recheio de iscas e sopa de ameixa. De súbito, algo se sucedeu. Uma aparição do seu trisavô, Mateus Júlio, que tinha morrido na 1ª Guerra Mundial, durante um concurso que premiava quem comesse mais cebola picante, surgiu-se-lhe e falou-lhe:
- Não comas esse congelado. Podes clonar os genes aí presentes e criar um animal de estimação que no passado foi extinto, um dodó.
Seria da fome e estaria com visões, ou seria um aviso do futuro? De facto, era misterioso...
Valentino levou o congelado de frango com recheio de iscas para o seu laboratório secreto montado na cave de sua casa. Colocou-o na máquina de clonagem... Se isto resultasse, seria o maior feito da História desde a invenção do esterilizador de pinguins.
Tudo correu bem, o dodó foi criado, e o seu dono decidiu dar-lhe o nome de "Sarmento".
Sarmento era um bicho prestável, sem pulgas, derivado e bonito. Seria agradável, mas não foi. O dodó acabou por se revelar um pássaro de mau carácter. Ainda por cima, ficou feio. Sarmento afastava o mulherio de Valentino, roubava-lhe as meias e desligava-lhe o frigorífico, o que causava o descongelamento dos frangos. Os frangos quentes retornavam à vida e dirigiam-se frequentemente à cave, atraídos pela porta convidativa e pelo odor a iscas...