quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pessoa física que põe aquele órgão a funcionar

Olá, amigos cibernautas. Finalmente, Apreciadora de Cogumelos revelou.. Não vou continuar esta frase, nem sei o que queria dizer.
Quero avisar que o título da próxima história é baseado numa frase que ouvi, não é da minha autoria, mas por achar que tem uma ratio essendi inata, decidi utilizá-lo.

P.S. Este texto não foi escrito durante uma aula de Direito Administrativo.
P.P.S Do 1º semestre.



                                           Pessoa física que põe aquele órgão a funcionar


       Anastácio Mário tinha tudo para ser feliz: uma família disléxica, um porco-espinho com cascos, uma habitação mais ou menos talvez bem frequentada... Tudo para dar certo. No entanto, as suas viagens a Mafra desolavam-no, de modo reiterado e misterioso.
      Viajava sempre num veículo terrestre ligeiro, de cor vermelho-azul, e costumava ouvir no rádio a música "Stayin´Alive", cantando ao mesmo tempo. De todas as vezes, ficava com uma crise de soluços, que podia durar de 23 segundos a 60 minutos... Para piorar a situação, tornava-se paraplégico.
      Durante os períodos de paragem motora, sofria certas crises de alucinações gustativas, sendo vítima impotente de fortes sensações orgásmicas pulsativas na língua causadas por chocolate preto com anchovas.
      Porém, esta felicidade não podia durar eternamente, Depois da bonança viria a tempestade. Anastácio não sabia se eram 0 horas do dia 15 ou 24 horas do dia 14. Chovia desmesuradamente. Era o dia dos seus 18 anos... Alugara um táxi-cavalo para chegar a acasa o mais rapidamente possível, pois sabia que à sua espera estava uma festa surpresa organizada pela sua mais que tudo, Bruna Paula, uma mulher robusta e badocha, com idade entre os 15 e os 45 anos. Bruna dizia que se apaixonara por Anastácio, pois este a fizera lembrar dos anos em que fora raptada por um OVNI, sugada em direcção aos céus, e tivera experiências sexuais intergalácticas durante, pelo menos, 17 meses seguidos. O alien preferido da jovem era Zurg, que partilhava com Anastácio uma particularidade colossal: eram unicelhas.
     Pensava que, por ir de táxi, se livraria daqueles episódios imemoráveis de que constantemente se recordava. Estava enganado. Ao chegar a casa, pelo próprio pé, completamente paralisado, deparara-se com uma situação indescritível... Bruna Paula encontrava-se numa posição, de alguma forma, exercendo uma actividade definida mas vaga... Vestia também uma camisola. O choque foi total. A camisola mostrava a imagem do município de Azenhas do Mar. Em cima, estava o presidente da Câmara Municipal de Ansião. Tinha havido osmose de municípios...


FIM

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A casa de sopas em Mértola

      Dorinda enfrentava fantasmas do passado. Em vidas anteriores, teria sido um texugo com anatomia semelhante a um papa-formigas vegetariano que destruíra as colheitas anuais da sua comunidade, e também, mais recentemente, um camionista que fazia ligação entre o Café-Restaurante do Abílio e a Pousada de Arlete. Falecera durante uma dessas viagens e a autópsia revelara que a mistura de sopa de grão com molho barbecue fora fatal, apesar do acidente se ter verificado de noite e apenas ter consumido pequeno-almoço nesse dia. Dorinda soubera destas desventuras através de Zélia, a bruxa que vivia entre os montes. A partir desse instante, o seu dia-a-dia não mais seria aquele recanto da serenidade que procurava. Iria pagar pelos erros cometidos anteriormente...

      Os anos passavam e as marcas dos castigos iam-se revelando. Em apenas duas semanas, fora exposta aos maiores perigos conhecidos pela civilização. Fora atropelada por um tractocarro que circulava a 15 km/h e seguidamente teria sido abalroada pelos ciclistas da Volta ao Bombarral em bicicleta. Os ferimentos eram incontornáveis... Somente um milagre traria Dorinda de regresso às suas capacidades motoras normais.
   
      No seu veículo, parte cadeira-de-rodas, parte motorizada a vapor, feito à sua medida pelo Abílio do café, Dorinda decidiu partir para longe. Não pretendia voltar, mas nem chegou a ir... A cadeira-de-rodas não tinha combustível, e os preços haviam subido em flecha. Não podia ser pior.

      Nada podia ser, de facto, pior. A não ser algo que não fosse melhor nem igualmente mau. A vila tornara-se demasiado pequena para as aspirações de Dorinda. Conhecia cada calçada, cada parede, cada janela de toda a localidade. Queria mais, queria visualizar tudo o que não tinha visto antes. E o inconcebível aconteceu... Encontrou o circo dos cinco anões, uma tenda enorme com espaço para 125 anões gigantes...