segunda-feira, 28 de abril de 2014

As colheres de prata roubadas

Orlando Gregório estava a viver o sonho da sua vida. Depois de 20 anos a ceifar azeitonas, decidira deitar-se ao mar na leda esperança de casar... Sim, casar. Com uma sereia.

Duas situações se acercavam de Orlando; se por um lado já tinha consultado o professor Joanes Bambú, fisiologista e feiticeiro do sudoeste da Amadora, e não tinha respostas concretas sobre o amor, por outro tinha recebido uma máquina que tirava as côdeas do pão de remetente anónimo. Que poderia fazer? Decidiu combinar as duas opções. Convidou o ilustríssimo professor e guardou cuidadosamente a máquina na sacola, e partiu em viagem. Dos perigos que o esperavam estava ele inconsciente.

Destino? Iria comprar um bilhete para um cruzeiro pelo Tejo com paragens no Samouco e Alcochete. A bordo do navio iria encontrar-se encontrar-se com o famoso professor eloquente.

- A password secreta e confidencial é "Angola e Amadora são a mesma coisa"!

- Então és tu, Orlando... - disse o professor com um ar enegrecido. - Espero-te há algum tempo. Tenho as respostas para as tuas perguntas.

- E eu tenho as perguntas para as tuas respostas.

- As velas vermelha e preta misturaram-se. Portanto, estás mal de amores.

Era bastante óbvio que Orlando estava mal de amores. Tinha três furúnculos na zona da testa e duas nódoas negras no fígado transplantado de um porco ibérico. Tudo era óbvio, tudo estava perdido, tudo parecia não ter rumo nem destino certo. No entanto, lá seguia ele... Perdido no tempo, achou-se no Dolce Vita do Cartaxo.

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