segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Metodologia oblíqua

Jerónimo Luano trincava suavemente uma barra de chocolate não discriminada. Não era só uma barra. Era também uma exclusão de tudo aquilo que não substancia uma barra. Mas mais. Era de chocolate. Luano sentia estas características mais do que ninguém. Para além disto, tinha outros sentimentos. Por exemplo, por vezes sentia fome. Era nesta cadeia que se integrava a barra. De chocolate.

Fazendo um retrocesso evolutivo, este jovem mostrava-se desnudo aquando da abertura do pacote. Questionou-se que tipo de pacote estaria em causa. Um pacote de barras? Um pacote de chocolates? A confusão era evidente na mente de Jerónimo, e o que era óbvio tornou-se claro. Ele estava sem roupa - o pacote era empacotado.

Regressemos a um discurso coeso. Não se fala, obviamente, de uma barra de chocolate; estamos na presença de uma boneca insuflável sexualmente activa. Com forma de barra de chocolate. Era aí que Jerónimo encontrava o prius e o modus da sua dignificação sexual. Com ela, a boneca, denominada Natasha, atingia a ataraxia, colocado na posição de interveniente passivo, submetido às insidiosas acções de uma boneca parada, passiva e isolada de movimentos. Eram dois corpos parados. Mas ela mais activa que ele. E, como se sabe, Jerónimo carregava o penhasco da sua dignificante condenação, e conhecia 1001 maneiras de cozinhar bacalhau.

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